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O que é transgenitalização e como funciona a cirurgia de redesignação sexual 

Como funciona a cirurgia de redesignação sexual?

A transgenitalização, também conhecida como cirurgia de redesignação sexual (CRS), é um conjunto de procedimentos médicos realizados com o objetivo de alterar os órgãos sexuais de uma pessoa para refletir sua identidade de gênero. 

Para muitos indivíduos transgênero, esse processo é fundamental na busca por um alinhamento entre o corpo e a identidade de gênero, resultando em uma melhoria significativa na saúde mental, emocional e na qualidade de vida.

Essa jornada não é somente física, mas também psicológica e social. Para as pessoas transgênero, a transgenitalização pode ser vista como uma parte essencial da afirmação de sua identidade, permitindo que vivam de maneira mais congruente com quem são. 

No post de hoje, vamos explorar o que é a transgenitalização, como funciona a cirurgia de redesignação sexual e quais são as considerações envolvidas nesse processo. Confira!

O que é transgenitalização?

Transgenitalização refere-se a um conjunto de cirurgias realizadas para alinhar a anatomia genital com a identidade de gênero de uma pessoa. 

A cirurgia é um passo significativo na transição de gênero, mas não é necessária para todos os indivíduos transgênero. 

A decisão de passar por essa cirurgia é altamente pessoal e deve ser tomada após uma avaliação detalhada do histórico médico, psicológico e das expectativas do paciente.

Durante o processo de transgenitalização, os médicos visam criar órgãos genitais que correspondam à identidade de gênero da pessoa. 

Isso  inclui a remoção de órgãos sexuais que não correspondem à identidade de gênero desejada e a construção de novos órgãos genitais.

Critérios para transgenitalização

Embora a vontade ou necessidade pessoal seja um fator importante, válido e decisivo para esse tipo de procedimento, existem alguns critérios, inclusive previstos por lei, para a sua realização.  

É necessário passar por uma avaliação médica detalhada, que inclui um acompanhamento psiquiátrico de, no mínimo,um ano antes de se submeter à cirurgia.

Esse acompanhamento ajuda a garantir que a pessoa tenha a saúde mental e emocional necessária para lidar com os aspectos emocionais da transição. 

Também é recomendado que os pacientes passem por um período de terapia hormonal (estrogênio ou testosterona).

Isso ajuda o indivíduo a alcançar algumas das características desejadas, como o crescimento de seios (no caso das mulheres trans) ou o crescimento de pelos faciais e corporais (para os homens trans), introduzindo o processo de reconhecimento pessoal com o gênero que se identifica. 

Dentro disso, em muitas situações, a cirurgia é indicada após a pessoa ter vivido como seu gênero desejado por pelo menos um ano.

Tipos de cirurgias de redesignação sexual

Existem diversos tipos de cirurgia de redesignação sexual, e a escolha do procedimento depende do sexo de origem e do sexo desejado. 

A Transgenitalização  envolve duas abordagens principais: a masculinização e a feminização dos órgãos genitais.

Masculinização – mudança de feminino para masculino

No caso de pessoas trans masculinas, a cirurgia de masculinização visa criar uma aparência genital masculina. 

O processo geralmente inclui a remoção dos órgãos sexuais femininos, como os ovários e o útero, e a criação de um pênis funcional. 

Existem dois procedimentos principais usados para a construção do pênis:

Neofaloplastia

Procedimentos altamente complexos e feitos em vários estágios onde utilizamos retalhos de pele retirados do abdômen ou das costas  para criar um pênis. 

O primeiro estágio é a criação do falo propriamente dito, inclusive com retirada da vagina, criação do escroto e implante de próteses testiculares. 

O segundo estágio é para a criação de uma glande e também para o alongamento da uretra.

O terceiro estágio é para a colocação de um implante peniano afim de propiciar o sexo penetrativo.

Metoidioplastia 

Opção menos invasiva na qual realiza-se um alongamento cirúrgico de um clitóris que já se encontra aumentado devido ao uso de hormônios. Além disso também se remove a vagina, construímos um escroto e implantamos duas próteses testiculares.

Nesta opção, o tamanho do pênis é mais reduzida , mas o indivíduo é capaz de urinar em pé e ter um órgão sexual bastante semelhante a de um homem cis.

Histerectomia

Se a pessoa trans masculina também desejar remover o útero, este procedimento é realizado para garantir que não haja mais órgãos reprodutivos femininos no corpo.

Feminização – mudança de masculino para feminino

Para pessoas trans femininas, a cirurgia de feminização geralmente envolve a remoção dos órgãos sexuais masculinos, como o pênis e os testículos, e a criação de uma neovulva e de uma  neovagina. 

Independente da técnica, todas as pacientes terão um clitóris funcional, uma uretra curta fazendo com que a paciente seja capaz de urinar sentada além de grandes e pequenos lábios bastantes semelhantes a de uma mulher cis.

Para a confecção da Neovagina, existem diversas técnicas:

Técnica da inversão peniana

A pele do pênis e/ou do escroto é utilizada para criar uma neovagina. É a técnica mais realizada em todo mundo por ser um procedimento mais simples e, em mãos experientes, se é capaz de propiciar uma profundidade funcional.

Técnica do Sigmoide

É uma técnica na qual utilizamos um seguimento do intestino grosso, no caso o sigmoide,  para revestir o canal vaginal.

É uma técnica mais invasiva, mas que propicia os canais com maior profundidade.

Geralmente utilizamos esta técnica para cirurgia secundárias ou seja naquelas as quais o canal vaginal ficou curto após a cirurgia primária.

Técnica do Jejuno

É uma técnica na qual utilizamos a mucosa do intestino delgado, mais precisamente do jejuno, para o revestimento do canal vaginal.

É mais invasiva que a técnica da inversão porém menos invasiva que a técnica do sigmoide, fornecendo excelentes resultados estéticos.

Técnica do Peritônio 

Técnica na qual utilizamos a membrana peritoneal  (membrana que reveste os órgãos abdominais)  para aumentar a profundidade do canal neovaginal quando a opção da cirurgia primária é pela técnica da inversão do prepúcio.

É uma técnica pouco realizada no Brasil sendo uma opção para as pacientes que desejam uma técnica de inversão porém com a demanda de uma vagina mais profunda.

Recuperação e cuidados pós-operatórios

Após a cirurgia, o acompanhamento médico é fundamental para garantir que o corpo esteja cicatrizado adequadamente. 

A recuperação envolve  a utilização de dilatadores vaginais (para pacientes trans femininas) ou o uso de bombas de ereção (para pacientes trans masculinos) para ajudar na manutenção da função sexual e na prevenção de complicações.

O suporte psicológico durante a recuperação também é essencial, pois os pacientes podem enfrentar desafios emocionais durante o processo de adaptação à nova aparência física.

A importância da decisão e do suporte continuado

A transgenitalização não é uma escolha fácil e envolve uma série de fatores, como saúde física, emocional e financeira. 

A cirurgia é uma parte da jornada de transição de gênero, mas é importante lembrar que cada pessoa transgênero tem sua própria experiência única e que a decisão de realizar a cirurgia deve ser feita com total autonomia e apoio de uma rede de profissionais de saúde qualificados.

O acompanhamento psicológico contínuo, a preparação física adequada e a busca por uma comunidade de apoio são componentes essenciais para garantir o sucesso da cirurgia e uma recuperação satisfatória. 

A transgenitalização pode ser uma forma significativa de alcançar a congruência de gênero desejada, mas a verdadeira aceitação vem de dentro, com o apoio das pessoas ao redor e a aceitação da própria identidade. A jornada de uma pessoa transgênero é repleta de desafios, mas também de grandes vitórias. 

Ao tomar a decisão de realizar a cirurgia de redesignação sexual, é essencial que o paciente tenha a certeza de que está fazendo isso para si, e não para atender às expectativas externas. 

A transição é uma experiência profundamente pessoal, e o respeito à autonomia de cada pessoa é a chave para um processo saudável e satisfatório.

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